Uma História de Amor, Inclusão e Superação — Katia Aciole Souza Ferreira e sua Jornada com o Autismo
Nesta edição especial da Revista Garça em Destaque, trazemos uma história real e comovente de amor que venceu barreiras e se transformou em inspiração para famílias que convivem com o autismo. A trajetória de Katia Aciole Souza Ferreira, pedagoga, esposa, mãe e empreendedora, mostra que com empatia, acolhimento e persistência é possível transformar desafios em propósito.
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Raízes e Vocação
Nascida em 7 de dezembro de 1982, Katia cresceu na região da freguesia do Ó em São Paulo sempre teve um olhar sensível para o outro. Antes mesmo de se tornar professora, trabalhou em uma banca de jornal na Vila Madalena, em São Paulo. Foi ali, convivendo com crianças em situação de rua, que sentiu o desejo de cursar Pedagogia para poder ajudá-las a aprender — muitas não sabiam sequer escrever o próprio nome.
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O Encontro que Mudou Tudo
Foi também nesse período que conheceu Bruno, com quem se casou após apenas seis meses de relacionamento. Desde o início, Katia percebeu que havia algo diferente no comportamento do marido — uma dificuldade de socialização, rigidez em certos hábitos e resistência a mudanças. Após dois anos de casados, ela compartilhou com ele a possibilidade de uma condição neurológica. A princípio, Bruno resistiu. Mas ao assistirem juntos ao filme O Contador, Bruno se reconheceu no protagonista e aceitou iniciar uma investigação médica.
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Um Novo Começo em Garça
Em 2016, motivados por um conselho recebido de um gastroenterologista — também pai de uma criança autista —, que a vida no interior iria contribuir para melhores condições de vida e por Bruno ter passado parte de infãncia em Garça, quando visitava sua Bisavó após a perda de sua bisavó na morte, não retornou mais a Garça seguindo o conselho do médico escolheram Garça em busca de mais qualidade de vida e atendimento especializado. Katia descobriu que Bruno havia feito toda a faculdade de Tecnologia da Informação em São Paulo, com excelentes notas, mas nunca concluiu o estágio. Assim, sem diploma, ele se viu diante de uma reinvenção profissional.
"Perguntei a ele o que gostaria de ser. E ele respondeu: Pipoqueiro. Então eu disse: Compre o carrinho, que eu vou te ajudar."
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Da Pipoca à Inclusão
Foi assim que nasceu o negócio da família. A pipoca, que começou com um carrinho simples e apenas dois sabores — salgada e uma receita autoral de pipoca doce com leite ninho e groselha — hoje se transformou em uma marca reconhecida no Lago de Garça, com mais de 13 sabores. Bruno, que no início tinha dificuldades até para entregar o saquinho certo ao cliente, aos poucos venceu barreiras e hoje se comunica com mais confiança.
Além de empreendedores, Kátia e Bruno são pais de duas meninas: Amanda, de 12 anos, e Bruna, de 4. Amanda também foi diagnosticada dentro do espectro autista, após um ano de acompanhamento clínico. Com características mais sutis, conseguia camuflar os sinais, o que dificultou o diagnóstico precoce.
Hoje, a família conta com apoio terapêutico contínuo e entende melhor suas necessidades e limites. Durante a semana, por exemplo, evitam barulhos intensos — nem rádio, nem televisão — para que todos possam se recompor emocionalmente. para poderem trabalhar nos fins de semana
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Três Diagnósticos, Um Só Propósito
O lar da família é formado por três pessoas no espectro autista: Bruno, Amanda e a pequena Bruna,e a Kátia, que em dois mil e vinte e dois foi diagnosticada com TDAH, que também faz acompanhamento. Diante desse cenário, Kátia se tornou não apenas mãe e esposa, mas também uma voz ativa na inclusão e no acolhimento de pessoas autistas. Com amor, paciência e dedicação, ela transformou o que muitos poderiam ver como obstáculo em um estilo de vida acolhedor e inspirador.
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Mensagem Final: Aceitar, Incluir, Amar
"Costumo brincar dizendo que, quando conheci o Bruno, achei que tinha ganhado na mega-sena: um homem calmo, caseiro, sem vícios, com poucos amigos. Eu só não sabia que ele era autista. Mas hoje sei: ganhei muito mais do que imaginei."
A história de Kátia e sua família é um convite à empatia, à aceitação e à valorização da diversidade. Que outras famílias possam, através desta narrativa, enxergar o autismo com outros olhos — não como limitação, mas como forma única de viver, sentir e amar.